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quarta-feira, 18 de outubro de 2017


Acreditar.
É a força que tento ter todos os dias. Força para acreditar que esses dias difíceis passarão, assim como das outras vezes. Acreditar que coisas boas têm seu próprio tempo para acontecer, que a sensação de vazio não é para sempre. Que quem me guarda e protege sabe da minha instabilidade e a conheça mais que eu mesma. Que me soprem que não há nada nessa vida que eu não conseguirei enfrentar. Tenho que acreditar e ter a certeza que amo o que faço e o que pretendo fazer, que as pessoas em quem confio me amem também.
Que as palavras que recortei das revistas e jornais voaram com a brisa que passou há alguns dias e esse é o motivo do caos: não consegui reorganizá-las.Que eu vou voltar. Preciso acreditar que a calma está na porta ao lado e que a chave dessa porta ainda está por aqui. São Longuinho, São Longuinho... três, seis, nove, doze pulinhos.
Me faz acreditar.

terça-feira, 27 de junho de 2017

Palavras aos meus avós e tia, mortos

Essas são coisas da minha cabeça que estão aqui desde que entendi que vocês existem. Ou existiram. Pode sair um pouco desconexo, mas são os pensamentos de uma criança e de uma pessoa com um "quê" desespero.

Qualquer pessoa que me conheça, jamais terá uma parcela de noção da quantidade de litros que já chorei pela minha família há muito falecida.

Hoje, há 29 anos e um dia.

Eu não sei como nem o porquê, mas eu realmente me desesperava e começava a chorar e não conseguia parar. O peito ficava levemente dolorido (da mesma maneira que está agora) e demorava passar.

Percebi, recentemente, que sou uma pessoa de toques. Gosto de alguém e quero tocar, abraçar, sentir o calor e a energia que emana desse alguém. E eu me sentia a angústia em pessoa por não ter essa sensação. De sentir o calor de vocês, de sentir o aroma dos cabelos e da pele.

Ainda há muitas histórias e memórias que não ouvi e que não conheço. Sei que muitas não serão verdades absolutas, pois não serão vocês me contando. Mas já é melhor que nada. Sinto gratidão e uma inveja descarada de todas as pessoas que já me contaram um pouquinho de cada um de vocês. Gratidão por me darem a oportunidade de guardar tudo dentro de uma caixinha no coração e seguir formando a minha versão de vocês. E inveja por essas pessoas saberem muito mais de vocês que eu com minhas poucas histórias guardadas na caixinha.

Você já sentiu saudade de alguém que nunca conheceu? De alguém que nunca sentiu o cheiro, nunca apertou as mãos ou deu um abraço? De alguém que você não sabe como é o timbre da voz, se fala manso ou apressado?

Eu sinto. E muita.